Armazenamento e manuseio de fitas magnéticas
Pablo de Souza Vaqueiro
1-Introdução
Esta pesquisa pretende levantar questões referentes ao uso de técnicas de preservação recomendadas para o acondicionamento e manuseio de fitas magnéticas visando sempre o armazenamento a longo prazo das imagens contidas nestes suportes e a otimização de seu uso e de sua vida útil.
A estrutura do trabalho começa dando uma introdução aos suportes magnéticos, caracterizando as fitas, levantando questões referentes à expectativa de vida das fitas magnéticas.
Em seguida discute a respeito de cada um dos 3 componentes das fitas magnéticas (suporte, aglutinante e partículas magnéticas) e suas particularidades, abordando em seguida os possíveis danos pertinentes a cada um destes componentes e os métodos utilizados para evitá-los.
Para finalizar, após discutir as condições ideais de armazenamento de fitas magnéticas, o trabalho apresenta um exemplo concreto da realidade brasileira, no sentido de preservação de fitas magnéticas, encontrado no arquivo de fitas da Rede Record do Rio de Janeiro.
2-As Fitas Magnéticas: Características
Fita magnética é uma mídia de armazenamento não-volátil ou seja, uma vez gravados em uma fita, os dados não são perdidos ao se retirar a fonte de energia.
A fita magnética consiste em uma fita plástica coberta de material magnetizável que pode ser utilizada para registro de informações analógicas ou digitais, incluindo áudio, vídeo e dados de computador. As fitas estão disponíveis em rolos, cassetes ou cartuchos.
Expectativa de vida: de acordo com os fabricantes e outros tipos de literatura técnica, o limite máximo para produtos de fita magnética parece ser de 30 anos. Mas o grande problema das fitas magnéticas é o acesso as informações, pois diversos fatores irão atuar impedindo a principal função do suporte que é servir como base para transmissão das informações nelas contidas.
Portanto no caso de arquivos de áudio e vídeo, a transcrição é inevitável. Em vez de se tentar preservar formatos e tecnologias de gravação antiquados e desatualizados, pode ser prático transcrever a informação freqüentemente.
3-Componentes físicos e fatores de degradação
As Fitas Magnéticas são compostas por 3 componentes são eles: aglutinante, partículas magnéticas e suporte.
A durabilidade e a confiabilidade da fita magnética estão condicionadas a saúde dos seus 3 componentes e todos os componentes são fontes potenciais de falhas para um meio de fita magnética. Para garantir sua longevidade, procedimentos corretos para manipulação e armazenamento de fitas magnéticas são essenciais.
Em seguida, falaremos de cada componente das fitas magnéticas e de suas possíveis degradações.
3.1- O Aglutinante
O aglutinante é um tipo de gelatina que tem como função principal manter as partículas magnéticas, capazes de registrar sinais magnéticos, juntas entre si e presas ao suporte da fita.
O aglutinante também tem a função de proporcionar uma superfície lisa para facilitar o transporte da fita, através do sistema de gravação durante os processos de gravação e reprodução. Para diminuir a fricção da camada de cobertura superficial magnética da fita um lubrificante é adicionado ao aglutinante.
A estrutura do trabalho começa dando uma introdução aos suportes magnéticos, caracterizando as fitas, levantando questões referentes à expectativa de vida das fitas magnéticas.
Em seguida discute a respeito de cada um dos 3 componentes das fitas magnéticas (suporte, aglutinante e partículas magnéticas) e suas particularidades, abordando em seguida os possíveis danos pertinentes a cada um destes componentes e os métodos utilizados para evitá-los.
Para finalizar, após discutir as condições ideais de armazenamento de fitas magnéticas, o trabalho apresenta um exemplo concreto da realidade brasileira, no sentido de preservação de fitas magnéticas, encontrado no arquivo de fitas da Rede Record do Rio de Janeiro.
2-As Fitas Magnéticas: Características
Fita magnética é uma mídia de armazenamento não-volátil ou seja, uma vez gravados em uma fita, os dados não são perdidos ao se retirar a fonte de energia.
A fita magnética consiste em uma fita plástica coberta de material magnetizável que pode ser utilizada para registro de informações analógicas ou digitais, incluindo áudio, vídeo e dados de computador. As fitas estão disponíveis em rolos, cassetes ou cartuchos.
Expectativa de vida: de acordo com os fabricantes e outros tipos de literatura técnica, o limite máximo para produtos de fita magnética parece ser de 30 anos. Mas o grande problema das fitas magnéticas é o acesso as informações, pois diversos fatores irão atuar impedindo a principal função do suporte que é servir como base para transmissão das informações nelas contidas.
Portanto no caso de arquivos de áudio e vídeo, a transcrição é inevitável. Em vez de se tentar preservar formatos e tecnologias de gravação antiquados e desatualizados, pode ser prático transcrever a informação freqüentemente.
3-Componentes físicos e fatores de degradação
As Fitas Magnéticas são compostas por 3 componentes são eles: aglutinante, partículas magnéticas e suporte.
A durabilidade e a confiabilidade da fita magnética estão condicionadas a saúde dos seus 3 componentes e todos os componentes são fontes potenciais de falhas para um meio de fita magnética. Para garantir sua longevidade, procedimentos corretos para manipulação e armazenamento de fitas magnéticas são essenciais.
Em seguida, falaremos de cada componente das fitas magnéticas e de suas possíveis degradações.
3.1- O Aglutinante
O aglutinante é um tipo de gelatina que tem como função principal manter as partículas magnéticas, capazes de registrar sinais magnéticos, juntas entre si e presas ao suporte da fita.
O aglutinante também tem a função de proporcionar uma superfície lisa para facilitar o transporte da fita, através do sistema de gravação durante os processos de gravação e reprodução. Para diminuir a fricção da camada de cobertura superficial magnética da fita um lubrificante é adicionado ao aglutinante.
3.1.1 - Degradação do aglutinante
O aglutinante é responsável pela permanência das partículas magnéticas na fita e pela maior facilidade no seu transporte. Se o aglutinante perde a sua integridade a fita pode se tornar irreprodutível.
Os polímeros utilizados como aglutinantes estão sujeitos a um processo químico, se em contato com água, denominado hidrólise.
Procedimentos como assar as fitas*, podem, temporariamente, melhorar a integridade do aglutinante permitindo que as fitas sejam reproduzidas, os dados recuperados e as informações transcritas para uma nova fita.
3.1.2 - Perda de lubrificante
Um lubrificante é adicionado ao aglutinante para diminuir a fricção da camada de cobertura superficial magnética da fita. Com o tempo, o nível de lubrificante na fita diminui. Os lubrificantes são parcialmente consumidos toda vez que a fita é tocada e mesmo não tocadas os lubrificantes diminuem como resultado da evaporação e da degradação.
As informações armazenadas em fitas magnéticas degradadas, podem ser recuperadas após a relubrificação das fitas.
3.2- A camada magnética
A camada magnética é responsável pelo registro e armazenamento dos sinais magnéticos gravados sobre ela. A camada magnética consiste de um pigmento magnético suspenso em um aglutinante de polímero.
3.2.1 -Instabilidades da partícula magnética
A camada magnética, ou pigmento, é responsável por armazenar magneticamente a informação registrada através de alterações na direção do magnetismo de partículas locais. Se houver qualquer alteração nas propriedades magnéticas do pigmento, os sinais registrados podem ser irrecuperavelmente perdidos.
A permanência magnética se refere à quantidade de sinal que permanece após o processo de gravação. A força do sinal registrado magneticamente está diretamente relacionado à permanência magnética do pigmento. Assim uma diminuição na permanência magnética do pigmento, com o passar do tempo, pode resultar na diminuição do sinal de saída e da perda potencial da informação.
Os pigmentos magnéticos diferem quanto a sua estabilidade, algumas partículas retêm suas propriedades magnéticas por mais tempo que outras. Os pigmentos de Óxido de ferro e de Óxido de ferro modificado com cobalto são os mais estáveis dentre aqueles utilizados em fitas de áudio e vídeo.
Não há muito que se possa fazer para prevenir a deterioração magnética. Contudo, a taxa de deterioração pode ser reduzida pelo armazenamento das fitas em temperaturas mais baixas. Umidade relativa inferior também seria preferível para minimizar a degradação do pigmento magnético.
3.3- O suporte (substrato)
A fita magnética consiste de uma fina camada capaz de registrar um sinal magnético, montada sobre um suporte de filme mais espesso. O suporte de filme, ou substrato, é necessário para sustentar a camada de fita magnética que é muito frágil e fina para ser auto-sustentável. O suporte da fita sustenta a camada magnética para a passagem através do gravador.
Deformação do suporte (substrato)
Anos 1940/50 – Filmes de acetato
Substrato sujeito à hidrólise e não é tão estável quanto o filme de poliéster.
Degradação do suporte indicada pela síndrome do vinagre
Devem ser armazenadas em um arquivo com baixa temperatura e umidade, para reduzir sua taxa de deterioração.
Ao apresentar a síndrome do vinagre, a fita deve ser transcrita o mais rápido possível.
Anos 1960 – Filmes de poliéster orientado
Quimicamente estáveis, altamente resistentes a oxidação e hidrólise.
Trações e tensões excessivas, envelhecem e podem resultar em deformação da imagem.
A melhor maneira de reduzir o grau de distorção do suporte da fita é armazenar os meios magnéticos em um ambiente em que o ambiente e a temperatura não variem muito. A cada variação de temperatura ou umidade a montagem da fita poderá sofrer uma contração ou uma expansão. Essas alterações dimensionais podem causar distorção permanente no suporte.
3.4-Outros fatores de degradação
Além das possíveis degradações decorrentes dos componentes físicos dos seus próprios componentes, as informações contidas nas fitas magnéticas estão sujeitas a perda devido a diversos outros fatores como por exemplo:
· Más condições de armazenamento das fitas
· Falta de cuidado no transporte de fitas
· Utilização freqüente de fita
· Gravações em fitas de má qualidade
· Obsolescência do suporte
4- Condições ideais de armazenamento de fitas magnéticas
Deseja se que um ambiente destinado ao armazenamento de fitas magnéticas, seja um ambiente limpo, livre de poeira e sujidades, longe da exposição a campos magnéticos fortes e que tenha temperatura e umidade relativa controlados
As normas técnicas atuais recomendam que as fitas magnéticas sejam armazenadas para preservação sob condições próximas a 15 a 20ºC e 20 a 40% de UR.
Porém esses padrões são muito rigorosos para a realidade do Brasil, exigindo da instituição que possua a guarda das fitas, instalações especiais para o controle de temperatura/umidade sempre associadas a um custo considerável. Contudo, segundo BOGARD “a qualidade do cuidado que a fita magnética recebe deveria ser correspondente ao valor percebido da informação nela contida”.
Ao utilizá-las as fitas não podem ser imediatamente removidas das condições de armazenamento arquivístico, a informação armazenada em baixas temperaturas necessita de um período de tempo (4 horas para cada 10ºC de diferença) para se aclimatar às condições da instalação que será reproduzida.
5-Realidade Brasileira: O Arquivo de fitas da TV Record RJ
Por um ano tive a oportunidade de trabalhar no arquivo de fitas referentes ao jornalismo da Rede Record do Rio de Janeiro, período esse no qual observei que a empresa apesar de possuir raro acervo de imagens, a mesma não se utiliza dos meios ideais para conservação e preservação dos registros contidos em suas fitas magnéticas.
O registro das “imagens brutas” das reportagens, ou seja, as imagens sem qualquer edição, se dá em fitas Sony Betacam analógicas SP Smal geralmente de 20 ou 30 minutos e essas fitas passam por um processo de edição, para se transformarem em matérias de aproximadamente 3 minutos gravadas em fitas Sony Betacam analógicas SP Smal de 5 ou 10 minutos.
As fitas com “imagens brutas” depois de editadas voltam com os repórteres para que se registrem novas imagens por cima das já gravadas e as fitas editadas seguem para serem exibidas nos programas da emissora.
Após serem exibidas na programação, as fitas editadas passam por um processo de seleção, na qual o responsável pelo jornalismo decide quais matérias devem ser preservadas e quais devem ser eliminadas. Nesse processo muitas imagens já se perdem devido a critérios não muito bem estabelecidos de decisão, de quais imagens tem valor e das quais não tem.
As fitas editadas consideradas de valor para preservação, são recolhidas pelo arquivo de fitas e as imagens são migradas para fitas tipo Sony Betacam SP Large analógica de 60 minutos, para que se economize o espaço físico do local destinado ao armazenamento. Estas fitas são voltadas a preservação, porém continuam sendo constantemente solicitadas como imagens de arquivo.
O motivo das gravações para preservação serem feitas em fitas analógicas é porque a sua deterioração, com o passar do tempo é gradual e perceptível e isso permite que a fita seja transcrita. Outro motivo é que as cópias podem ser feitas sem qualquer perda de qualidade de gravação (quando uma fita analógica é copiada, o sinal de informação é copiado juntamente com qualquer ruído inerente a fita e qualquer ruído próprio ao gravador desta forma o ruído da nova cópia será sempre maior que o da fita original).
Apesar de adotar um nível mínimo de cuidado, a empresa peca em muitos quesitos que resultam e resultarão em perdas significativas para a emissora.
A empresa tenta controlar a temperatura e a Umidade relativa, e para isso instalou um ar condicionado central mantendo a temperatura em 20% e a umidade relativa em 50% quando ligado, contudo esse aparelho é desligado a noite, fato que ocasiona variações de temperatura no local de armazenamento que podem causar problemas as fitas. Além disso, as fitas sofrem com variação de temperatura no momento em que são emprestadas, pois saem de um ambiente climatizado diretamente para uso em área não climatizada, sem que se proceda à aclimatação das mesmas.
Outra critica em relação à área destinada ao armazenamento das fitas é que o local não recebe limpeza constante e seus funcionários realizam lanches e por vezes até almoçam próximo as fitas, atraindo insetos e outras pragas nocivas as fitas.
Com relação as fitas mais antigas, estas não recebem qualquer cuidado no sentido de sofrerem uma aeração constante, visando maximizar a sua vida útil.
A empresa também não se utiliza qualquer sistema de backup de suas fitas, o que faz com que a perda de uma fita, seja por deterioração ou simplesmente por desaparecimento da fita por acidente, ocasiona perda de informações para sempre.
Devido a estes descuidos, fitas de apenas 10 anos já apresentam problemas. Muitos destes problemas poderiam ser evitados e muitos se dão, devido ao aproveitamento de funcionários não qualificados para atuarem em seus arquivos, funcionários estes que atuam como “tapa-buraco”, escolhidos pela direção da empresa, que se preocupa apenas em atender a programação da empresa hoje, sem pensar no amanhã.
Do acervo da emissora, muito se perdeu, o arquivo contém apenas fitas a partir de 1998, e muito ainda se perde devido a falta de interesse da sua direção em preservar as imagens registradas por suas câmeras e apresentadas em sua programação, e essas imagens que possuem um valor histórico imenso não se constituem apenas em um patrimônio da empresa que se perde, se constituem sim em um patrimônio de cada brasileiro que não terá a oportunidade de futuramente ver imagens referentes à história de seu país e conseqüentemente imagens referentes à sua própria história.
O aglutinante é responsável pela permanência das partículas magnéticas na fita e pela maior facilidade no seu transporte. Se o aglutinante perde a sua integridade a fita pode se tornar irreprodutível.
Os polímeros utilizados como aglutinantes estão sujeitos a um processo químico, se em contato com água, denominado hidrólise.
Procedimentos como assar as fitas*, podem, temporariamente, melhorar a integridade do aglutinante permitindo que as fitas sejam reproduzidas, os dados recuperados e as informações transcritas para uma nova fita.
3.1.2 - Perda de lubrificante
Um lubrificante é adicionado ao aglutinante para diminuir a fricção da camada de cobertura superficial magnética da fita. Com o tempo, o nível de lubrificante na fita diminui. Os lubrificantes são parcialmente consumidos toda vez que a fita é tocada e mesmo não tocadas os lubrificantes diminuem como resultado da evaporação e da degradação.
As informações armazenadas em fitas magnéticas degradadas, podem ser recuperadas após a relubrificação das fitas.
3.2- A camada magnética
A camada magnética é responsável pelo registro e armazenamento dos sinais magnéticos gravados sobre ela. A camada magnética consiste de um pigmento magnético suspenso em um aglutinante de polímero.
3.2.1 -Instabilidades da partícula magnética
A camada magnética, ou pigmento, é responsável por armazenar magneticamente a informação registrada através de alterações na direção do magnetismo de partículas locais. Se houver qualquer alteração nas propriedades magnéticas do pigmento, os sinais registrados podem ser irrecuperavelmente perdidos.
A permanência magnética se refere à quantidade de sinal que permanece após o processo de gravação. A força do sinal registrado magneticamente está diretamente relacionado à permanência magnética do pigmento. Assim uma diminuição na permanência magnética do pigmento, com o passar do tempo, pode resultar na diminuição do sinal de saída e da perda potencial da informação.
Os pigmentos magnéticos diferem quanto a sua estabilidade, algumas partículas retêm suas propriedades magnéticas por mais tempo que outras. Os pigmentos de Óxido de ferro e de Óxido de ferro modificado com cobalto são os mais estáveis dentre aqueles utilizados em fitas de áudio e vídeo.
Não há muito que se possa fazer para prevenir a deterioração magnética. Contudo, a taxa de deterioração pode ser reduzida pelo armazenamento das fitas em temperaturas mais baixas. Umidade relativa inferior também seria preferível para minimizar a degradação do pigmento magnético.
3.3- O suporte (substrato)
A fita magnética consiste de uma fina camada capaz de registrar um sinal magnético, montada sobre um suporte de filme mais espesso. O suporte de filme, ou substrato, é necessário para sustentar a camada de fita magnética que é muito frágil e fina para ser auto-sustentável. O suporte da fita sustenta a camada magnética para a passagem através do gravador.
Deformação do suporte (substrato)
Anos 1940/50 – Filmes de acetato
Substrato sujeito à hidrólise e não é tão estável quanto o filme de poliéster.
Degradação do suporte indicada pela síndrome do vinagre
Devem ser armazenadas em um arquivo com baixa temperatura e umidade, para reduzir sua taxa de deterioração.
Ao apresentar a síndrome do vinagre, a fita deve ser transcrita o mais rápido possível.
Anos 1960 – Filmes de poliéster orientado
Quimicamente estáveis, altamente resistentes a oxidação e hidrólise.
Trações e tensões excessivas, envelhecem e podem resultar em deformação da imagem.
A melhor maneira de reduzir o grau de distorção do suporte da fita é armazenar os meios magnéticos em um ambiente em que o ambiente e a temperatura não variem muito. A cada variação de temperatura ou umidade a montagem da fita poderá sofrer uma contração ou uma expansão. Essas alterações dimensionais podem causar distorção permanente no suporte.
3.4-Outros fatores de degradação
Além das possíveis degradações decorrentes dos componentes físicos dos seus próprios componentes, as informações contidas nas fitas magnéticas estão sujeitas a perda devido a diversos outros fatores como por exemplo:
· Más condições de armazenamento das fitas
· Falta de cuidado no transporte de fitas
· Utilização freqüente de fita
· Gravações em fitas de má qualidade
· Obsolescência do suporte
4- Condições ideais de armazenamento de fitas magnéticas
Deseja se que um ambiente destinado ao armazenamento de fitas magnéticas, seja um ambiente limpo, livre de poeira e sujidades, longe da exposição a campos magnéticos fortes e que tenha temperatura e umidade relativa controlados
As normas técnicas atuais recomendam que as fitas magnéticas sejam armazenadas para preservação sob condições próximas a 15 a 20ºC e 20 a 40% de UR.
Porém esses padrões são muito rigorosos para a realidade do Brasil, exigindo da instituição que possua a guarda das fitas, instalações especiais para o controle de temperatura/umidade sempre associadas a um custo considerável. Contudo, segundo BOGARD “a qualidade do cuidado que a fita magnética recebe deveria ser correspondente ao valor percebido da informação nela contida”.
Ao utilizá-las as fitas não podem ser imediatamente removidas das condições de armazenamento arquivístico, a informação armazenada em baixas temperaturas necessita de um período de tempo (4 horas para cada 10ºC de diferença) para se aclimatar às condições da instalação que será reproduzida.
5-Realidade Brasileira: O Arquivo de fitas da TV Record RJ
Por um ano tive a oportunidade de trabalhar no arquivo de fitas referentes ao jornalismo da Rede Record do Rio de Janeiro, período esse no qual observei que a empresa apesar de possuir raro acervo de imagens, a mesma não se utiliza dos meios ideais para conservação e preservação dos registros contidos em suas fitas magnéticas.
O registro das “imagens brutas” das reportagens, ou seja, as imagens sem qualquer edição, se dá em fitas Sony Betacam analógicas SP Smal geralmente de 20 ou 30 minutos e essas fitas passam por um processo de edição, para se transformarem em matérias de aproximadamente 3 minutos gravadas em fitas Sony Betacam analógicas SP Smal de 5 ou 10 minutos.
As fitas com “imagens brutas” depois de editadas voltam com os repórteres para que se registrem novas imagens por cima das já gravadas e as fitas editadas seguem para serem exibidas nos programas da emissora.
Após serem exibidas na programação, as fitas editadas passam por um processo de seleção, na qual o responsável pelo jornalismo decide quais matérias devem ser preservadas e quais devem ser eliminadas. Nesse processo muitas imagens já se perdem devido a critérios não muito bem estabelecidos de decisão, de quais imagens tem valor e das quais não tem.
As fitas editadas consideradas de valor para preservação, são recolhidas pelo arquivo de fitas e as imagens são migradas para fitas tipo Sony Betacam SP Large analógica de 60 minutos, para que se economize o espaço físico do local destinado ao armazenamento. Estas fitas são voltadas a preservação, porém continuam sendo constantemente solicitadas como imagens de arquivo.
O motivo das gravações para preservação serem feitas em fitas analógicas é porque a sua deterioração, com o passar do tempo é gradual e perceptível e isso permite que a fita seja transcrita. Outro motivo é que as cópias podem ser feitas sem qualquer perda de qualidade de gravação (quando uma fita analógica é copiada, o sinal de informação é copiado juntamente com qualquer ruído inerente a fita e qualquer ruído próprio ao gravador desta forma o ruído da nova cópia será sempre maior que o da fita original).
Apesar de adotar um nível mínimo de cuidado, a empresa peca em muitos quesitos que resultam e resultarão em perdas significativas para a emissora.
A empresa tenta controlar a temperatura e a Umidade relativa, e para isso instalou um ar condicionado central mantendo a temperatura em 20% e a umidade relativa em 50% quando ligado, contudo esse aparelho é desligado a noite, fato que ocasiona variações de temperatura no local de armazenamento que podem causar problemas as fitas. Além disso, as fitas sofrem com variação de temperatura no momento em que são emprestadas, pois saem de um ambiente climatizado diretamente para uso em área não climatizada, sem que se proceda à aclimatação das mesmas.
Outra critica em relação à área destinada ao armazenamento das fitas é que o local não recebe limpeza constante e seus funcionários realizam lanches e por vezes até almoçam próximo as fitas, atraindo insetos e outras pragas nocivas as fitas.
Com relação as fitas mais antigas, estas não recebem qualquer cuidado no sentido de sofrerem uma aeração constante, visando maximizar a sua vida útil.
A empresa também não se utiliza qualquer sistema de backup de suas fitas, o que faz com que a perda de uma fita, seja por deterioração ou simplesmente por desaparecimento da fita por acidente, ocasiona perda de informações para sempre.
Devido a estes descuidos, fitas de apenas 10 anos já apresentam problemas. Muitos destes problemas poderiam ser evitados e muitos se dão, devido ao aproveitamento de funcionários não qualificados para atuarem em seus arquivos, funcionários estes que atuam como “tapa-buraco”, escolhidos pela direção da empresa, que se preocupa apenas em atender a programação da empresa hoje, sem pensar no amanhã.
Do acervo da emissora, muito se perdeu, o arquivo contém apenas fitas a partir de 1998, e muito ainda se perde devido a falta de interesse da sua direção em preservar as imagens registradas por suas câmeras e apresentadas em sua programação, e essas imagens que possuem um valor histórico imenso não se constituem apenas em um patrimônio da empresa que se perde, se constituem sim em um patrimônio de cada brasileiro que não terá a oportunidade de futuramente ver imagens referentes à história de seu país e conseqüentemente imagens referentes à sua própria história.
* procedimento desenvolvido apenas para a hidrólise de fitas de rolo de áudio e computador, para outros tipos de degradação o procedimento pode causar mais dano.
Referências Bibliográficas:
BOWSER, Eileen. Algunos principios sobre la restauración de films, (Archivos de La Filmoteca, 1999)
CONTRACAMPO: Revista de cinema. Edição especial sobre preservação, n. 34, 2001.Disponível em: http://www.contracampo.com.br/34/frames.htm Acessado em:
06/11/2008
Manual de Manuseio de Películas Cinematográficas. São Paulo: Cinemateca Brasileira, 2001.
Recomendação para a salvaguarda e preservação das imagens em movimento (UNESCO, 1980)
MUSSEL, Felipe Schultz. O garimpo e a lapidação de arquivos audiovisuais em Projeto 68, (trabalho final da disciplina Preservação, Política e Memória de acervos Audiovisuais em 1/2008)
VAN BOGART, John W. Magnetic tape storage and handling: a guide for libraries and archives. Washington D.C., Commission on Preservation and Access, 1995.