segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Revista da Cinemateca Brasileira

Saiu o segundo número da "Revista da Cinemateca Brasileira", com a data de julho de 2013. É louvável que isso tenha acontecido em meio às dificuldades por que passa a instituição, dando continuidade ao número inicial da publicação, de setembro de 2012.
A alta qualidade gráfica foi mantida e deve ser muito elogiada ainda a possibilidade de download gratuito da revista em pdf através da internet. Um excelente brinde que acompanha a edição em papel é uma cópia da (última) restauração do clássico "Limite", levada a cabo pela própria Cinemateca Brasileira. Mesmo com grande atraso, será possível finalmente ver a restauração digital do filme de Mário Peixoto que era muito comentada, mas praticamente não assistida. Os cinéfilos de plantão já se encarregaram de colocar o filme na rede e isso é um enorme contribuição aos professores que (como eu) dependiam de cópias oriundas do lançamento do filme em VHS para apresentar "Limite" em sala de aula...
Nesse mesmo sentido, o grande trunfo da revista é ser uma forma de dar acesso ao enorme e precioso acervo documental da Cinemateca. No número 2, por exemplo, foi publicado na íntegra o roteiro do filme Gigi (c. 1925, desaparecido), assinado por Joaquim Canuto Mendes de Almeida e José Medina, juntamente com belas fotos da produção. Trata-se de um documento precioso e pouquíssimo conhecido.
Em relação aos textos em si, a revista permanece um pouco dividida entre o perfil de um periódico científico (afinal, conta com artigo de acadêmicos estrangeiros e brasileiros) e de uma revista mais acessível ao grande público (como Filme Cultura, por exemplo). Daí que alguns artigos, apesar de longos, não trazem informações essencialmente novas ao público especializado, enquanto pareçam pouco sedutores para o leitor mais leigo. Ao se notar um conselho editorial composto por nomes de peso como os dos professores Ismail Xavier, Carlos Augusto Calil, Eduardo Morettin e Maria Dora Mourão (todos da USP), o resultado deixa um leve tom de decepção.
Esse problema afeta especialmente os textos que lidam com história do cinema brasileiro - o artigo de Julio Lucchesi Moraes não avança muito em comparação com outros estudos do autor (doutorando da USP), enquanto o de Jair Leal Piantino (funcionário da CB), sobre os fascinantes Raul Roulien e Olympio Guilherme, seja essencialmente descritivo. Os textos relacionados ao cinema estrangeiro, de qualidade irregular, têm, no mínimo, o mérito da tradução para o português de estudos mais recentes.
De qualquer modo, é sempre bem-vinda uma publicação desse nível sobre cinema em nosso país tão carente de publicações na área. E aguardamos, desde já, o próximo número.

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