terça-feira, 6 de setembro de 2011

Cinerama

Cinerama foi um sistema de filmagem e projeção lançado nos EUA em 1952 que revolucionou o cinema ao proporcionar imagens de dimensões muito maiores e de enorme qualidade, assim como um som multicanal igualmente impressionante. Embora restrito a poucas produções e cinemas que puderam instalar o sistema, o Cinerama influenciou o desenvolvimento das telas panorâmicas (widescreen) que vieram a se tornar o padrão da indústria substituindo o formato acadêmico (1,33:1 - ou seja, quase "quadrado").
Por necessitarem de um sistema especial para serem projetados (três projetores rodando simultaneamente, e mais uma cabine especialmente para o som), além de uma sala de cinema com dimensões compatíveis, os filmes produzidos pelo Cinerama ficaram muito tempo esquecidos.
Recentemente, porém, eles têm sido resgatados, tendo sido desenvolvido o formato "Smile Box" (ao lado) que simula nos televisores planos ("flats") as telas amplas e curvas do Cinerama que envolviam a platéia.
O site in70mm, um dos melhores canais de informação sobre a história e a atualidade dos formatos panorâmicos, publicou recentemente um release sobre a restauração e o futuro relançamento dos filmes realizados em Cinerama.
O que me chamou atenção foi a ênfase de que as intervenções digitais, além de corrigirem os efeitos do tempo nos materiais, iriam "corrigir" um erro intrínseco ao sistema. Como o Cinerama consistia em três películas que eram projetadas lado a lado e, juntas, formavam na tela uma imagem extraordinariamente larga, sempre existiram "linhas" na junção entre essas imagens que perturbavam a percepção de uma imagem única.
Como diz o texto: "as três imagens são coladas novamente pela primeira vez em 57 anos". Ou seja, aquele velho discurso do "novo", do "nunca antes na História" (como diria Lula), e do "pela primeira vez" que não necessariamente está em acordo com a ética das restaurações - ou seja, de respeito ao original.
Afinal de contas, essas "linhas" que hoje incomodariam os espectadores "modernos" eram uma característica do sistema e o desenvolvimento posterior, por exemplo, do Cinemascope (que conseguia a projeção de uma imagem panorâmica oriunda de uma única película através da des/compressão ótica) buscou justamente superar isso. Novamente o que está em jogo é "melhorar" o passado, como se ele precisasse disso...

3 comentários:

nati disse...

nao sabia dessa "repaginada". mais do mesmo... lembrei do cherchi usai comentando no film curatorship que num congresso da fiaf (!!!) no japao (2007, se nao me engano) apresentaram filmes do meliès em 3D (já que tinham 2 negativos feitos de 2 ângulos diferentes), com o mesmo papo de "nunca antes visto" (nem por especialistas), como se os filmes tivessem sido feitos com esse propósito. complicado. num congresso da fiaf é foda, hahahaha.

Rafael de Luna disse...

Caramba, Nati, essa do Méliès em 3-D é impressionante!

nati disse...

pois é!