Parece que nossos pesquisadores e professores de comunicação finalmente estão se tocando que o problema da preservação audiovisual no Brasil realmente tem alguma coisa a ver com eles...
Recebi por e-mail esse documento produzido como resultado do Seminário Internacional Análise de Telejornalismo: desafios teórico-metodológicos, que organizei no PósCom/UFBA, entre 23 e 26 de agosto de 2011.
Segue:
"Além da intenção de fomentar o debate sobre a questão do acesso à produção audiovisual e televisiva brasileira, para fins de pesquisa e ensino, o documento traduz o compromisso firmado pelo pesquisadores participantes em ampliar a discussão nas associações científicas da Comunicação de que participamos e em buscar as formas mais produtivas de mobilização e articulação política em torno da questão.
Acesso à produção audiovisual e televisiva brasileira
De 23 a 26 de agosto, reunidos na UFBA para o Seminário Internacional Análise de Telejornalismo: desafios teórico-metodológicos, pesquisadores de televisão e telejornalismo se depararam com um desafio recorrente: a ausência de fontes de consulta acerca do audiovisual brasileiro, especialmente televisual, o que vem dificultando constantemente seu trabalho e a produção de conhecimento na área. Ao contrário de outros países, como a França, em que há uma política específica para a memória do audiovisual, no Brasil, pesquisadores, estudantes e interessados têm que recorrer a bases de dados limitadas, quando não amadoras, constituídas através do engajamento pessoal deste ou daquele interessado. Com isso, por um lado, a história das mídias e produtos audiovisuais brasileiros, em suas diversas dimensões, ainda é cheia de lacunas, falhas, espaços vazios; por outro lado, a historicidade das formas audiovisuais brasileiras, fundamental para a compreensão do nosso tempo, não consegue ser vislumbrada ou apreendida para além de alguns rastros e articulações.
Todos sabemos da importância que o audiovisual tem na cultura brasileira, em suas variadas formas, como a ficcional, a jornalística, a publicitária etc. Sabemos também como essa produção audiovisual se desenvolveu em relação íntima com as transformações histórico-sociais, político-institucionais, com os movimentos estéticos e tecnológicos. No entanto, na ausência de bancos de dados consistentes, a reflexão sobre essa produção é condenada a uma percepção limitada, quando não a um olhar estrábico, em que é vista a partir do que acontece em outros países que oferecem melhores condições para a apreensão do audiovisual em perspectiva histórica.
Diante desse quadro, este conjunto de pesquisadores, oriundos de diferentes Universidades, manifestam a importância do debate acerca da construção de uma política pública que ofereça condições para a preservação do patrimônio audiovisual brasileiro e do acesso a ele. Esse debate é vital para que desafios legais, econômicos e institucionais que envolvem esses arquivos e seus modos de consulta sejam esclarecidos e delineados. A dificuldade de enfrentar esses desafios não pode ser justificativa para a ausência de uma política pública brasileira consistente.
Maior que a dificuldade nos modos de enfrentamento desses desafios é a enorme lacuna que a ausência dessa política pública, e do debate a ela vinculado, promove. Afinal, estão em questão a memória do país, o respeito à sua diversidade cultural, o conhecimento acerca de si e daqueles que fazem a sua história. Está em questão, portanto, a constituição de uma base sólida para a construção do futuro.
Ana Carolina Escosteguy
Ana Luisa Coiro
Ana Paula Goulart
Andrea França
Bruno Souza Leal
Edson Dalmonte
Evelyne Cohen
Fernanda Mauricio
Iluska Coutinho
Itania Maria Mota Gomes
Jeder Janotti Jr.
João Freire Filho
José Francisco Serafim
Kleber Mendonça
Maria Lilia Dias Castro
Marie-France Chambat-Houillon
Sean Hagen
Vera França
Wilson Gomes
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Um comentário:
Desdobramentos:
"Em reunião ordinária realizada no último dia 23 de setembro de 2011, em Brasília, o Conselho Geral da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação aprovou, por unanimidade, o engajamento político da COMPÓS na mobilização em prol do acesso livre ao acervo audiovisual e televisivo brasileiro, para pesquisa e ensino, e a assinatura do documento produzido como resultado do Seminário Internacional Análise de Telejornalismo: desafios teórico-metodológicos e da petição online."
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