sexta-feira, 10 de abril de 2015

Sobre o Odeon

Fechado desde junho de 2014, o Cine Odeon é um dos mais belos e antigos cinemas que sobreviveram no Rio de Janeiro. Aberto em 1926, era a única sala da Cinelândia que continuava funcionando com sua função original. Com o fim do contrato de locação do Grupo Estação com o Grupo Severiano Ribeiro, proprietário da sala, o cinema fechou e houve muitos rumores sobre possíveis destinos para a construção histórica. 
Houve grande mobilização de grupos e associações, solicitando, inclusive, o tombamento pelo Instituto Estadual de Patrimônio Artístico e Cultural do Estado do Rio de Janeiro, o INEPAC, como forma de proteger o Odeon de uma possível descaracterização ou destruição. Foram feitos abaixo-assinados (chegando a mais de 1.600 assinaturas) e projetos de lei. Nesse meio tempo, no início de 2015, o Grupo Severiano Ribeiro anunciou a reabertura do espaço como Centro Cultural, mas sem dar detalhes sobre financiamento, prazo ou formato da iniciativa.
A preocupação com o destino do Odeon também permeou um grupo de trabalho vinculado à Secretaria de Cultura do Governo do Estado. Por meio desse grupo, recebi a notícia que o INEPAC, apesar de compartilhar a preocupação com o espaço, não acatou o pedido, "por acreditar que a situação de tombamento na qual o espaço se encontra atualmente atende as demandas levantadas".
A mensagem que recebi continua: "Conforme colocado na resposta, tanto o imóvel em questão quanto o seu uso cultural já se encontram protegidos por legislação específica do município do RJ. Pelo fato de o Odeon estar inserido numa APAC, Área de Proteção do Ambiente Cultural (legislação municipal), e por ter sido retomado um projeto de ocupação cultural desse espaço pelo Grupo Severiano Ribeiro, o instituto não considerou como prioridade esta ação. Eles lembraram também que o tombamento estadual não teria o mesmo alcance, à medida que a legislação referente ao mesmo, apesar de ratificar o reconhecimento do valor cultural do espaço, não impossibilita a alteração de uso dos imóveis protegidos."
Espero ter tanta confiança quanto o INEPAC que o Odeon não corre tanto risco mesmo. Vamos ver...