domingo, 14 de agosto de 2011

Problemas na projeção digital 3-D

Ao longo de toda a história do cinema, novas tecnologias que foram implementadas ou não por diversas razões (técnicas, econômicas, políticas etc.) foram constantemente anunciadas como uma "evolução" do cinema rumo a um maior "realismo" ou "qualidade". O advento do digital não é uma exceção e a palavra (digital) se tornou quase um mantra para vender e anunciar novos produtos.
O último desses produtos é o 3-D digital, que virou a tábua de salvação dos produtores e exibidores para aumentar o preço dos ingressos e tirar os espectadores de casa.
Entretanto, como sempre, a realidade é muito diferente dos anúncios publicitários. Uma reportagem do The Boston Globe mostra uma das faces dessa realidade ao notar como diversos filmes exibidos nos principais multiplexes dessa metrópole norte-americana em projeção digital vinham aparecendo escuros, mal-iluminados e com as cores desbotadas.
A razão disso? As salas de cinema não tiravam a lente 3-D dos seus projetores Sony 4 K quando exibiam filmes em 2 D.
Como a projeção em 3D consiste na projeção alternada de frames (um para cada "olho" dos óculos utilizados), se a mesma lente é utilizada num filme 2D, ocorre uma absorção desnecessária de cerca de 50% da luz devido a essa polarização.
É fácil perceber se isto está acontecendo num filme 2D. Basta olhar para o projetor e se você ver dois raios de luz (na verdade uma alternância muito rápida de dois raios) ao invés de um apenas, a lente 3D está na frente do projetor.
Por que os cinemas não trocam as lentes? Porque isso custa tempo, dinheiro e um conhecimento maior do que os projecionistas de multiplex geralmente têm. No caso dos projetores digitais, além de questões técnicas, há a necessidade de senhas para garantir que o projetor não trave automaticamente.
No Brasil talvez esse problema não seja tão comum pelo fato de relativamente poucas salas estarem equipadas para projeção digital 3-D, sendo pouco recorrente que essas salas exibam filmes em 2-D. Provavelmente nessas salas as lentes não são jamais trocadas. Mas é uma questão a se investigar.
A reportagem original em inglês pode ser acessada aqui. Link enviado pelo newsletter de Bill Lawrence do site in70mm.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Duas dicas: Gustavo Dahl e Acervo

Duas dicas. A primeira é da publicação do número de Acervo: Revista do Arquivo Nacional (v. 23, n. 2, jul-dez. 2010) com o dossiê temático Preservação de Acervos Documentais. Apesar dos artigos não lidarem diretamente com preservação audiovisual, muitos dos temas tratados tem relevância em nossa área, com destaque para a tradução para português do artigo de Howard Besser "Longevidade digital", que sistematiza conceitos importantes para lidarmos com o complexo universo da preservação de arquivos - filmes, inclusive - "nascidos digitais".

A segunda dica é o belíssimo e instrutivo texto do cineasta mineiro Geraldo Veloso em homenagem ao recentemente falecido Gustavo Dahl, que, à frente do Centro Técnico do Audiovisual do Rio de Janeiro (CTAv), foi responsável pela retomada de suas atividades no campo da preservação audiovisual, com destaque para a construção dos novos depósitos climatizados que serão provavelmente os melhores do país. O texto está no blog "Dossiês cinematográficos" e intitula-se O Bravo Guerreiro.