segunda-feira, 26 de setembro de 2011

IMAX do Rio de Janeiro

O amigo Paulo Roberto Elias é professor aposentado da UFRJ e mantém uma coluna sobre cinema e tecnologia no site webinsinder. Sugiro a leitura de seu último artigo sobre sua experiência na sala IMAX do UCI New York City Center.
Além de analisar a tecnologia de projeção IMAX digital e sua aplicação no filme em cartaz "Super 8", Paulo Roberto faz algumas colocações interessantes a respeito, por exemplo, da amplitude visual da tela, da manutenção da centralidade na tela dos diálogos (algo que os filmes em CinemaScope experimentaram e tiveram avaliações diferentes - cf. Belton, John. Widescreen cinema), e da adaptação para Imax de filmes orginalmente não previstos para esse formato de exibição.

Leio o artigo aqui.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O fim da película

É... está chegando:

Twentieth Century Fox International announced that it will end distribution of 35mm prints in Hong Kong and Macau by the end of 2011. Starting Jan. I, 2012, all titles will be distributed in DCI-compliant formats. The company projects that within the next two years, the entire Asia-Pacific region will go digital and will have phased out of 35mm distribution.

Em países como o Brasil, nos quais menos de 10% dos cinemas estão aparelhados para o DCI (2K no mínimo) - e estes o são exclusivamente para exibir 3-D digital - o fim da distribuição 35 mm ainda vai demorar. Mas com o avanço da tecnologia digital - e com a incorporação cada vez maior do 4K -, provavelmente o preço da aparelhagem mínima do DCI vai cair e mais e mais cinemas vão se converter para o digital.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Lançamento do meu livro


Rafael de Luna Freire, Incomodando quem está sossegado: A obra de Plínio Marcos no teatro, literatura e cinema. Rio de Janeiro: Multifoco, 2011.

Dia 21 de setembro, a partir das 19h.

Local: Espaço Multifoco (Av. Mem de Sá, 126, Lapa)


Abordando filmes e cineastas esquecidos ou menosprezados por uma história do cinema brasileiro ainda extremamente seletiva e redundante, a pesquisa sobre as adaptações da obra de Plínio Marcos constituiu-se num desafio tão grande quanto o de abordar a própria carreira do “autor maldito”. Aqui apresentada em forma de livro, o texto decorrente da dissertação de mestrado articula de forma exemplar a leitura atenta das traduções efetuadas entre as diferentes linguagens na passagem do teatro para o cinema e mais – o entendimento da inexorável relação intertextual entre experiência vivida e criação artística, o autor e a História, as utopias e o peso da realidade.


Do prefácio de João Luiz Vieira.

A PESQUISA

O livro teve origem na dissertação de mestrado intitulada Atalhos e quebradas: Plínio Marcos e o cinema brasileiro, aprovada com louvor no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense, em junho de 2006.

Em 2008, Rafael de Luna Freire foi curador e produtor-geral da mostra de filmes Navalha na tela: Plínio Marcos e o cinema brasileiro, realizada de 12 a 24 de fevereiro de 2008, na CAIXA Cultural do Rio de Janeiro. Nessa ocasião, uma nova versão do texto foi publicada como catálogo do evento, tendo sido distribuída gratuitamente aos espectadores da mostra.

Desde então, a pesquisa foi revisada e ampliada através do acesso a materiais inéditos e a realização dezenas de entrevistas, sendo finalmente publicada com o título “Incomodando quem está sossegado: A obra de Plínio Marcos no teatro, literatura e cinema” pela editora Multifoco.

O TEMA DO LIVRO

O foco principal da pesquisa originalmente eram as adaptações para o cinema da obra do dramaturgo, jornalista e escritor santista Plínio Marcos dos anos 1960 até os dias de hoje. São nove longas-metragens realizados ao longo de mais de três décadas por oito diferentes cineastas: A navalha na carne (dir. Braz Chediak, 1970), Dois perdidos numa noite suja (dir. Braz Chediak, 1971), Nenê Bandalho (dir. Emílio Fontana, 1971), A Rainha Diaba (dir. Antonio Carlos da Fontoura, 1974), Barra pesada (dir. Reginaldo Faria, 1977), Barrela: escola de crimes (dir. Marco Antonio Cury, 1994), Navalha na carne (dir. Neville D’Almeida, 1997), Dois perdidos numa noite suja (dir. José Joffily, 2003) e Querô (dir. Carlos Cortez, 2007).

As semelhanças e diferenças nas abordagens da obra de Plínio Marcos – marcada pela linguagem nua e crua, pela violência e crueldade das ações, pelos personagens e cenários marginais – revelam as diferentes formas que essas questões foram trabalhadas de uma forma mais ampla pelo próprio cinema brasileiro.

Mas, além do cinema, o livro Incomodando quem está sossegado – uma frase do próprio Plínio – é ainda um painel da trajetória artística de um dos maiores artistas brasileiro, de seu passado como palhaço de circo, da luta no teatro amador e dos bastidores da TV, da consagração que coincidiu com o endurecimento da censura durante a ditadura, da marginalização profissional e sua transformação em um exemplo de militante cultural em esquemas alternativos e independentes.

Desse modo, através da carreira singular de Plínio Marcos, o trabalho de Rafael de Luna Freire é um retrato brilhante dos caminhos e descaminhos da cultura brasileira nas últimas décadas.

domingo, 11 de setembro de 2011

Dicas de leitura: Chile e Hernani Heffner

Duas dicas de leitura:

A primeira é o dossiê especial sobre a Cineteca da Universidad del Chile da revista Septima Arte (n. 6, 2011). O número está disponível na internet: http://www.r7a.cl/revista/

A segunda é a longa entrevista de Hernani Heffner, conservador-chefe da Cinemateca do MAM e autor de um dos textos mais acessados desse blog, no site Zingu!

http://www.revistazingu.net/2011/07/entrevista-especial-hernani-heffner-primeira-parte

http://www.revistazingu.net/2011/08/entrevista-especial-hernani-heffner-segunda-parte

Bom proveito!

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Documento dos pesquisadores de comunicação

Parece que nossos pesquisadores e professores de comunicação finalmente estão se tocando que o problema da preservação audiovisual no Brasil realmente tem alguma coisa a ver com eles...

Recebi por e-mail esse documento produzido como resultado do Seminário Internacional Análise de Telejornalismo: desafios teórico-metodológicos, que organizei no PósCom/UFBA, entre 23 e 26 de agosto de 2011.

Segue:

"Além da intenção de fomentar o debate sobre a questão do acesso à produção audiovisual e televisiva brasileira, para fins de pesquisa e ensino, o documento traduz o compromisso firmado pelo pesquisadores participantes em ampliar a discussão nas associações científicas da Comunicação de que participamos e em buscar as formas mais produtivas de mobilização e articulação política em torno da questão.

Acesso à produção audiovisual e televisiva brasileira

De 23 a 26 de agosto, reunidos na UFBA para o Seminário Internacional Análise de Telejornalismo: desafios teórico-metodológicos, pesquisadores de televisão e telejornalismo se depararam com um desafio recorrente: a ausência de fontes de consulta acerca do audiovisual brasileiro, especialmente televisual, o que vem dificultando constantemente seu trabalho e a produção de conhecimento na área. Ao contrário de outros países, como a França, em que há uma política específica para a memória do audiovisual, no Brasil, pesquisadores, estudantes e interessados têm que recorrer a bases de dados limitadas, quando não amadoras, constituídas através do engajamento pessoal deste ou daquele interessado. Com isso, por um lado, a história das mídias e produtos audiovisuais brasileiros, em suas diversas dimensões, ainda é cheia de lacunas, falhas, espaços vazios; por outro lado, a historicidade das formas audiovisuais brasileiras, fundamental para a compreensão do nosso tempo, não consegue ser vislumbrada ou apreendida para além de alguns rastros e articulações.

Todos sabemos da importância que o audiovisual tem na cultura brasileira, em suas variadas formas, como a ficcional, a jornalística, a publicitária etc. Sabemos também como essa produção audiovisual se desenvolveu em relação íntima com as transformações histórico-sociais, político-institucionais, com os movimentos estéticos e tecnológicos. No entanto, na ausência de bancos de dados consistentes, a reflexão sobre essa produção é condenada a uma percepção limitada, quando não a um olhar estrábico, em que é vista a partir do que acontece em outros países que oferecem melhores condições para a apreensão do audiovisual em perspectiva histórica.

Diante desse quadro, este conjunto de pesquisadores, oriundos de diferentes Universidades, manifestam a importância do debate acerca da construção de uma política pública que ofereça condições para a preservação do patrimônio audiovisual brasileiro e do acesso a ele. Esse debate é vital para que desafios legais, econômicos e institucionais que envolvem esses arquivos e seus modos de consulta sejam esclarecidos e delineados. A dificuldade de enfrentar esses desafios não pode ser justificativa para a ausência de uma política pública brasileira consistente.

Maior que a dificuldade nos modos de enfrentamento desses desafios é a enorme lacuna que a ausência dessa política pública, e do debate a ela vinculado, promove. Afinal, estão em questão a memória do país, o respeito à sua diversidade cultural, o conhecimento acerca de si e daqueles que fazem a sua história. Está em questão, portanto, a constituição de uma base sólida para a construção do futuro.



Ana Carolina Escosteguy

Ana Luisa Coiro

Ana Paula Goulart

Andrea França

Bruno Souza Leal

Edson Dalmonte

Evelyne Cohen

Fernanda Mauricio

Iluska Coutinho

Itania Maria Mota Gomes

Jeder Janotti Jr.

João Freire Filho

José Francisco Serafim

Kleber Mendonça

Maria Lilia Dias Castro

Marie-France Chambat-Houillon

Sean Hagen

Vera França

Wilson Gomes
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www.telejornalismo.facom.ufba.br <http://www.telejornalismo.facom.ufba.br/>

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Cinerama

Cinerama foi um sistema de filmagem e projeção lançado nos EUA em 1952 que revolucionou o cinema ao proporcionar imagens de dimensões muito maiores e de enorme qualidade, assim como um som multicanal igualmente impressionante. Embora restrito a poucas produções e cinemas que puderam instalar o sistema, o Cinerama influenciou o desenvolvimento das telas panorâmicas (widescreen) que vieram a se tornar o padrão da indústria substituindo o formato acadêmico (1,33:1 - ou seja, quase "quadrado").
Por necessitarem de um sistema especial para serem projetados (três projetores rodando simultaneamente, e mais uma cabine especialmente para o som), além de uma sala de cinema com dimensões compatíveis, os filmes produzidos pelo Cinerama ficaram muito tempo esquecidos.
Recentemente, porém, eles têm sido resgatados, tendo sido desenvolvido o formato "Smile Box" (ao lado) que simula nos televisores planos ("flats") as telas amplas e curvas do Cinerama que envolviam a platéia.
O site in70mm, um dos melhores canais de informação sobre a história e a atualidade dos formatos panorâmicos, publicou recentemente um release sobre a restauração e o futuro relançamento dos filmes realizados em Cinerama.
O que me chamou atenção foi a ênfase de que as intervenções digitais, além de corrigirem os efeitos do tempo nos materiais, iriam "corrigir" um erro intrínseco ao sistema. Como o Cinerama consistia em três películas que eram projetadas lado a lado e, juntas, formavam na tela uma imagem extraordinariamente larga, sempre existiram "linhas" na junção entre essas imagens que perturbavam a percepção de uma imagem única.
Como diz o texto: "as três imagens são coladas novamente pela primeira vez em 57 anos". Ou seja, aquele velho discurso do "novo", do "nunca antes na História" (como diria Lula), e do "pela primeira vez" que não necessariamente está em acordo com a ética das restaurações - ou seja, de respeito ao original.
Afinal de contas, essas "linhas" que hoje incomodariam os espectadores "modernos" eram uma característica do sistema e o desenvolvimento posterior, por exemplo, do Cinemascope (que conseguia a projeção de uma imagem panorâmica oriunda de uma única película através da des/compressão ótica) buscou justamente superar isso. Novamente o que está em jogo é "melhorar" o passado, como se ele precisasse disso...