segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Curso "Uma história da tecnologia do cinema"

Mais uma divulgação pessoal...

PALESTRA - terça 28 set. 19h – ENTRADA FRANCA

Uma história da tecnologia do cinema.

Professor: Rafael de Luna Freire.

VAGAS LIMITADAS!!!

INSCRIÇÕES NO LOCAL OU ENVIE EMAIL PARA: tercariocarioca@gmail.com

LOCAL: ESPAÇO RIO CARIOCA End.: Rua das Laranjeiras, 307.

Acesso pela Rua Leite Leal, nº. 45 Laranjeiras. Rio de janeiro – RJ

+INFORMAÇÕES:

BLOG: tercaculturalriocarioca.blogspot.com

www.espacoriocarioca.com.br

CURSO

Uma história da tecnologia do cinema

25, 26 e 27 de outubro - 19h às 22h

Professor: Rafael de Luna Freire


Aulas expositivas acompanhada da projeção de filmes raros e da exibição de objetos e artefatos que ilustram a história tecnológica do cinema. O curso mostrará que tendo surgido como uma invenção científica ou um espetáculo de magia, a técnica - e os chamados "efeitos especiais" - exerceram um papel fundamental, ainda que negligenciado, na trajetória da sétima arte dos primórdios aos nossos dias.


25 DE OUTUBRO - segunda - 19h às 22h - Aula 1

De onde veio o cinema: o Pré-cinema e a criação do cinematógrafo.

Convencionou-se dizer que o cinema surgiu em 1895, em Paris, com os irmãos Lumière, mas o que veio antes disso? O chamado "pré-cinema", com os diversos tipos de espetáculos populares, invenções tecnológicas e trabalhos científicos, será apresentado através de uma longa trajetória que culminou com a consolidação da filmagem e projeção de imagens fotográficas em movimento. Do teatro de sombras às projeções de lanternas mágicas, uma fascinante história precedeu o que nós hoje conhecemos como o cinema.

Observação: Durante a aula será realizada uma projeção de lanterna mágica!


26 DE OUTUBRO - terça - 19h às 22h - Aula 2

O som no cinema (silencioso e sonoro)

Antes do surgimento do "cinema sonoro" no final da década de 1920, várias experiências pioneiras já tinham sido tentadas para dotar os filmes de acompanhamento de vozes, músicas e ruídas. A aula apresentará algumas das mais engenhosas tentativas de unir o som às imagens, exibido filmes raros que mostram que o cinema silencioso nunca foi totalmente mudo. Discutiremos ainda os processos que levaram à consolidação do cinema falado (Vitaphone, da Warner, Movietone, da Fox) e as novidades que se seguiram nessa trajetória, como o cinema estereofônico, o sistema Dolby e, finalmente, o digital.


27 DE OUTUBRO - quarta - 19 às 22h - Aula 3

A cor no cinema

O cinema nunca foi totalmente preto e branco, pois desde os seus primórdios já existiam processos e meios de dotar de cores as imagens fotográficas projetadas nos cinematógrafos. Apresentando e discutindo os processos que foram utilizados durante o cinema silencioso, como os filmes pintados à mão, tintados e virados, como a cor foi inicialmente utilizada pelo cinema e sua significação estética. Abordaremos ainda a consolidação do Technicolor e do filme tri-capa (Eastmancolor) entre os anos 1930 e 1950 que ajudaram a associar o preto-e-branco ao passado do cinema, buscando investigar ainda o papel da cor na estética do cinema.

INVESTIMENTO P/ CURSO: 25, 26 e 27 de outubro - 19h às 22h

Taxa de inscrição: R$ 20,00


Inscrevendo-se no dia: R$ 70,00 cada dia ou R$ 200,00 os 3 dias.
(meia entrada para estudantes com carteirinha e maiores de 60 anos)

PROMOÇÃO:

Inscrevendo-se até 22/10(sexta): R$ 35,00 cada dia ou R$ 100,00 os 3 dias.

VAGAS LIMITADAS !!!
INSCRIÇÕES NO LOCAL OU ENVIE EMAIL PARA: tercariocarioca@gmail.com

LOCAL: ESPAÇO RIO CARIOCA

End.: Rua das Laranjeiras, 307.

Acesso pela Rua Leite Leal, nº. 45 Laranjeiras.

Rio de Janeiro – RJ – tel.: 21-2225-7332

Lanternas mágicas - dois links

Uma dica de dois excelentes sites sobre o universo das Lanternas Mágicas:

Peabody Magic Lanter and Glass Slide Collection -coleção da San Diego University com exemplos de vários slides e lanternas de diferentes tipos e épocas, com textos informativos sucintos e interessantes.

Dick Balzer's Website - Esse site de um colecionador particular de lanternas mágicas e aparatos óticos anteriores ao século XX é simplesmente fantástico, um dos melhores que eu já vi. Os itens dispostos em sua página são deslumbrantes, com imagens excelentes. Não deixem de ver as animações em flash que simulam com perfeição alguns dos principais efeitos e aparatos óticos pré-cinematográficos (caixas ópticas, zootropos, slides com movimentos etc). Imperdível!

sábado, 25 de setembro de 2010

Digitalização de acervos audiovisuais

O José Quental me passou o link enviado pela lista da AMIA com uma bibliografia na internet de sites, textos, teses e artigos sobre a digitalização de acervos, guias e manuais sobre o universo dos arquivos audiovisuais digitais, estudos de caso de restaurações digitais e muito mais.

Fica a dica para a pesquisa e estudo dessas questões: http://www.zauberklang.ch/links_afresa.html

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

2º Simpósio de Estudos de Cinema e Audiovisual

Segue a programação de mais um evento acadêmico que elegeu como tema a preservação audiovisual. É mais um importante sinal da necessária aproximação entre as universidades e os arquivos, aliás, algo que irei abordar em minha fala nesse mesmo simpósio.

Programação 2º Simpósio de Estudos de Cinema e Audiovisual


V ENCONTRO DE COMUNICAÇÃO CONTEMPORÂNEA
2o. SIMPÓSIO DE ESTUDOS DE CINEMA E AUDIOVISUAL
“MEMORIA E PRESERVAÇÃO DO AUDIOVISUAL BRASILEIRO HOJE”

MESTRADO EM COMUNICAÇÃO
UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI
Campus Vila Olímpia
São Paulo
22 a 23 de setembro de 2010

PROGRAMAÇÃO

Quarta-feira, 22/09
19h00 às 21h00
Local: Auditório da Unidade 7, Campus Vila Olímpia
Rua Casa do Ator, 275

Abertura Solene - 19h

Palestra de Abertura - 19h30
"A preservação cinematográfica no Brasil"
Gustavo Dahl – Gerente do CTAV/SAV e Presidente do Conselho da Cinemateca Brasileira
Moderador: Prof. Dr. – André Gatti - Universidade Anhembi Morumbi

Coquetel - 21h00

Quinta-feira, 23/09
09h30 às 12h30
Local: Auditório (Unidade 7)

Mesa 1
“A preservação do Audiovisual hoje no Brasil”
Prof. Dr. Rafael de Luna - Universidade Federal Fluminense
Prof. Dr. Caio Cesaro - Programadora Brasil
Ana Cristina Frias - Pesquisadora do Memória Globo
Millard Schisler - Coordenador de Preservação da Cinemateca Brasileira
Maria Fernanda Coelho - Técnica de Conservação da Cinemateca Brasileira
Moderador: Prof. Dr. Luiz Vadico - Universidade Anhembi Morumbi

14h00 às 16h00
Local: Auditório (Unidade 7)

Mesa 2
“Cinema, Audiovisual e Memória”
Profa. Dra. Ana Isabel Soares – Universidade do Algarve
Prof. Dr. Fernão Ramos – Universidade Estadual de Campinas
Hilton Lacerda – Diretor e roteirista
Moderador: Profa. Dra. Sheila Schvarzman – Universidade Anhembi Morumbi

Coffee Break - 16h00 às 16h30

16h30 às 19h00
Auditório (Unidade 7)

Mesa 3
“Casos Exemplares de Resgate da Memória”
Antonio Leão da Silva Neto – Pesquisador de cinema brasileiro e membro da Associação Brasileira de Colecionadores de Filmes 16mm.
Albertina Lacerda Malta – Coordenadora do Centro de Documentação e de Estudos da Fundação Joaquim Nabuco
Maria Helena Sato – Diretora da Fundação Nestlé Brasil
Prof. Dr. Gelson Santana – Curador da Mostra Cinema de Bordas e professor do Mestrado em Comunicação da UAM
Moderadora: Profa. Dra. Laura Cánepa – Universidade Anhembi Morumbi

COMISSÃO ORGANIZADORA
Sheila Schvarzman (Docente)
Laura Cánepa (Docente)
Luis Vadico (Docente)
Alessandra Marotta (Assistente do Mestrado em Comunicação)

fonte: site da UAM

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

I Painel de Preservação Audiovisual: Formação e Experiências Internacionais

Divulgo um evento do qual serei o mediador que reune para um debate a "nova geração" de preservadores audiovisuais brasileiros relatando suas experiências profissionais.

Grupo em Preservação Audiovisual tem o prazer de convidar a todos para o I Painel de Preservação Audiovisual: Formação e Experiências Internacionais.
O Painel ocorrerá no auditório da Cinemateca do MAM, no dia 21 de setembro, de 9 às 13h. A programação segue no folder em anexo.

Sobre os participantes:

Rafael de Luna Freire

Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Imagem e Informação da Universidade Federal Fluminense e diretor da Associação Cultural Tela Brasilis. Foi professor da disciplina Preservação, Memória e Políticas de Acervos Audiovisuais do curso de cinema da UFF entre 2007 e 2009. Atualmente está licenciado de seu cargo na Cinemateca do MAM, onde trabalha desde 2002. É autor de pesquisas e estudos sobre a história do cinema brasileiro, entre eles o livro Navalha na tela: Plínio Marcos e o Cinema Brasileiro (2008), baseado em sua dissertação de mestrado.

Fabricio Felice

Graduado em Cinema pela Universidade Federal Fluminense, é profissional da área de preservação audiovisual desde 2002. Exerceu atividades na Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, no Arquivo Nacional e na Cinemateca Brasileira. Atualmente, é mestrando do Programa de Pós-Graduação em Imagem e Som da Universidade Federal de São Carlos.

Lila Foster

Mestre em Imagem e Som pelo Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de São Carlos (PPGIS) e formada em Filosofia (2005) pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH - USP). Durante a graduação participou do Programa de Iniciação Científica (CNPq) com projeto intitulado O realismo cinematográfico de André Bazin. Atuou como preservacionista audiovisual na Cinemateca Brasileira e atualmente trabalha como crítica de cinema na revista eletrônica Cinética. O seu trabalho de pesquisa se concentra no acervo de filmes domésticos da Cinemateca Brasileira e na preservação e no levantamento da produção amadora no Brasil.

Tatiana Novás de Souza Carvalho

Formada em Jornalismo pela PUC em 1999. Cursou Cinema na UFF a partir de 2000 e lá entrou em contato com a preservação de filmes pela disciplina Preservação e Restauração de Filmes, ministrada por Hernani Heffner. Em 2002 começou a trabalhar no departamento de documentos audiovisuais do Arquivo Nacional e, em 2006, na Cinemateca do MAM por ocasião da reforma de sua reserva técnica. Formou-se pela L. Jeffrey Selznick School of Film Preservation, na George Eastman House (EUA), em 2008. Lá ganhou uma bolsa-prêmio para restaurar um curta-metragem no laboratório Haghefilm, em Amsterdã, e apresentá-lo no festival de cinema silencioso de Pordenone, na Itália. Atualmente trabalha na Reserva Técnica Fotográfica do Instituto Moreira Salles.

Débora Butruce

Com experiência na preservação de acervos audiovisuais, atua na área desde 2000. Desde 2007 é preservadora-chefe do acervo audiovisual do Centro Técnico Audiovisual – CTAv e atualmente também é coordenadora técnica do projeto Digitalização de Acervos e Banco de Conteúdos Audiovisuais Brasileiros, desenvolvido em parceria com a Cinemateca Brasileira. Atuou em diversas instituições na área, como a Cinemateca do MAM e o Arquivo Nacional, com passagens por instituições estrangeiras como a Filmoteca Española e a Escuela Internacional de Cine y TV de San Antoni o de los Baños (EICTV), em Cuba.

Cristiana Miranda

Fotógrafa e realizadora. Formada em Ciências Sociais pela PUC RJ, com mestrado em Comunicação pela UFRJ e especialização em Restauração Fotográfica na Especialidad en Conservación y Restauración de Fotografías, pelo Programa Internacional da Escuela Nacional de Conservación, Restauración y Museografía Manuel del Castillo Negrete, México.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O cinema e a TV em seus 60 anos

Em 2010, ano que marca os 60 anos da TV no Brasil, com o início das transmissões da TV Tupi tendo ocorrido em 1950, dois filmes brasileiros chamam a atenção por sua ligação com a historia da televisão brasileira: Chico Xavier, o filme (dir. Daniel Filho) e Uma noite em 67 (dir. Renato Terra e Ricardo Calil). O primeiro é um filme de ficção, co-produzido pela Globo Filmes, e o outro é um documentário, co-produzido pela Record Entretenimento, os braços cinematográficos das duas mais poderosas emissoras brasileiras.
Apesar das diferenças, ambos sustentam-se fortemente em imagens de arquivo da televisão brasileira. Em Chico Xavier, a participação do médium no programa de entrevistas Pinga-fogo da TV Tupi, em 1971, justifica o flashback que narra sua vida, numa trama que acaba por se entrelaçar com a do cético diretor de TV Orlando, interpretado por Tony Ramos, e sua esposa Glória (Christiane Torloni). Chama atenção imediatamente o cuidado e o rigor inéditos na reconstituição por um filme brasileiro dos estúdios de TV nos anos 1970, tanto nos equipamentos, quanto nos procedimentos de edição comandados ao vivo pelo diretor, numa das características (a simultaneidade da transmissão imediata) que talvez mais diferenciem o trabalho artístico na TV e no cinema.
Nesse sentido, o filme de Daniel Filho está próximo de alguns filmes hollywoodianos recentes como Frost/Nixon (dir. Ron Howard, 2008) e Boa noite e boa sorte (dir. George Clooney, 2005) que, reconstituindo episódios e programas marcantes da TV americana (e de seus bastidores), nos provam como a TV foi o meio privilegiado de registro da história recente, assumindo definitivamente o papel de "testemunha ocular da história" que fora do cinema até a Segunda Guerra Mundial.
No caso desses programas de TV, sua importância esteve na transmissão para milhões de casas, tendo batido recordes de audiência, revelando ao grande público, respectivamente, a perseguição política do McCarthismo, a verdade sobre o Watergate admitida pelo próprio Nixon e, no caso brasileiro, o dom e o caráter autênticos de Chico Xavier. Curiosamente, o personagem de Tony Ramos assume o papel de criador e espectador dessas imagens, dirigindo o programa e sendo, como sua mulher (na platéia do estúdio), uma das pessoas afetadas pelo programa, como um "mero" espector. Não à toa, em determinado momento, tocado pelo emoção, ele tem que se ausentar de suas função de diretor.
Nos três casos também, os filmes se sustentam em grande parte pela existência dessas imagens de arquivo que as produções tentam emular em suas reconstituições, sobretudo através de excelentes trabalhos dos atores que se esforçam para "reviver", inclusive fisicamente, as personalidades que interpretam. Se em Frost/Nixon, o espectador tem acesso às imagens originais da entrevista nos extras do DVD, esse "brinde" é dado aos espectadores de Chico Xavier durante os créditos, numa forma de demonstrar a capacidade da equipe na fidelidade à realidade - pela reprodução exata dos diálogos, enquadramentos e aparência dos personagens -, numa estratégia que já tinha sido posta em prática (quem se lembra?) em Cidade de Deus, por exemplo, que também se baseava na interação entre personagens assumidamente reais (Zé Galinha) e outros supostamente ficctícios.
A dependência das imagens e sons de arquivo é ainda maior no caso de Uma noite em 67, que além da transmissão do 3º Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, é composto apenas de entrevistas recentes com os mesmos personagens (Chico, Gil, Caetano, Edu Lobo etc). Nesse caso, não se trata somente de reconstituir ou relatar um fato importante da história do Brasil - e da TV brasileira -, mas se pretende principalmente "reviver" aquele episódio, assim como ocorre no filme sobre Chico Xavier, em que há sempre, inclusive, uma platéia diegética, espectadores dentro do próprio filme (nas cenas no estúdio de TV, no tribunal, nas sessões de psicografia etc). No documentário se procura colocar o espectador do filme de 2010 no lugar do espectador do programa de TV de 1967, apresentando as músicas na ordem de classificação, contextualizando quem era quem dentre os artistas, provocando "suspense" sobre o vencedor, e ao mesmo tempo destacando a extraordinária qualidade artística dos finalistas. Afinal de contas, o trunfo do filme é a inevitável sensação de que uma música é mais fantástica do que a outra, no que talvez não o afaste tanto do bem-sucedido comercialmente filão de documentários musicais, especialmente as cinebiografias de Simonal, Vinícius, Cartola etc.
Por outro lado, se os diretores tiveram o cuidado de dar ao seu filme um interesse maior do que apenas "celebrar" o talento musical da época, investigando de maneira muito perspicaz o próprio significado do tropicalismo e da efervescência artística que se delineava claramente no Festival de 1967, a dependência das imagens da TV representam seu grande trunfo ou fraqueza (para os que acharam que os diretores fizeram pouco além de "usar" o arquivo da TV), mas sem dúvida seu maior diferencial.
Nas muitas (e às vezes hilariantes) entrevistas de bastidores de Uma noite em 67 - que cantores como Chico Buarque pensavam ser para o rádio -, o fato da TV permitir àquela altura um registro mais prolongado, mesmo que com câmera fixa, vendo tudo do alto (como uma câmera de vigilância, um dos principais usos possibilitados pelo vídeo), permitia a captação da "atmosfera", de todo um "clima" reinante naquele festival. Embora essas palavras seja imprecisas, no final de contas era isso que Tropicalismo, Cinema marginal, Teatro de Oficina etc representavam, menos um movimento e mais um momento.
É curioso que em uma certa sequência de entrevista nos bastidores percebe-se ao fundo uma pequena equipe filmado os músicos com uma câmera cinematográfica. O operador se move permanentemente, circulando com a câmera por entre as pessoas em busca de um plano significativo, que pudesse condensar ou significar algo. É interessante como , em comparação, a câmera da TV Record em 1967, estática e monótona, com planos longos, observadores e muitos tempos-mortos, seja talvez capaz de revelar ainda mais, ou, pelo menos, outra coisa.
Mas não se trata só disso. Em contraponto às imagens das entrevistas nos bastidores, a transmissão dos shows mostra toda a perícia e virtuosimo das imagens televisivas, com uma fantástica edição dos planos da platéia com as diferentes câmeras que registravam o palco. Os shows de Uma noite em 67 são ilustrações perfeitas do talento que o diretor de TV de Chico Xavier supostamente possui, regendo, como um maestro, as imagens do show que se desenrola naquele exato momento.
Esses dois filmes mostram como o cinema brasileiro tem um enorme campo a ser explorado no acervo de uma TV já sextagenária. A Record, por exemplo, já anuncia sua próxima co-produção para cinema: o documentário Tropicália, de Marcelo Machado. Entretanto, nem tudo são flores, e os realizadores de Uma noite em 67 e Chico Xavier, o filme podem se considerar sortudos por terem encontrado os materiais que utilizaram em seus filmes. Dos 60 anos de TV brasileira, muitíssimo pouco sobrou, por exemplo, de seus vinte primeiros anos, quando a TV era ao vivo (podendo ser registrada em película apenas, através do processo de quinescopagem - filmagem do monitor) ou gravada em caríssimas fitas de 1 e 2 polegadas que era sistematicamente reutilizadas.
Sem dúvidas essa perda é lamentada, pois o que foi preservado tem possilitado excelentes frutos a serem explorados. Co-produtoras desses dois filmes, a Record e a Globo cada vez mais utilizam seus acervos em novos produtos, como programas, filmes e seriados baseados exclusivamente em suas imagens de arquivo, sobretudo para a TV por assinatura, com sua demanda incessante por conteúdo para preencher suas grades de programação.
As telenovelas que talvez sejam o mais célebre produto da TV Brasileira são um ótimo exemplo. Das primeiras novelas diárias dos anos 1960, quase nada sobreviveu, enquanto dos primeiros grandes sucessos, como Irmãos Coragem (1970), chegaram até os dias de hoje apenas compactos com poucos episódios, o único material que tem servido aos pesquisadores do tema (cf. livro de Esther Hamburger, "Brasil antenado", 2005).
Segundo o ensaio de Roberto Moreira no livro organizado por Eugenio Bucci, "TV aos 50", a primeira novela a ter todos os seus capítulos salvos (quer dizer, sem as fita serem apagadas e reutilizadas posteriormente) foi a já colorida Gabriela (1975), por ter sido uma grande produção de prestígio. Se na época isso poderia parecer exagero (para que guardar todos os episódios de uma novela?), quando logo depois Escrava Isaura (1976) se revelou o melhor produto de exportação da história de todo o audiovisual nacional, a decisão mostrou-se acertada. E hoje, em 2010, quando a Globo pela primeira vez comercializa todos os episódios de uma novela em DVD, com os 16 discos recém-lançados de Roque Santeiro (1985-6), mais uma vez quem apostou na preservação saiu ganhando. E o cinema está abrindo cada vez mais seus olhos para esse acervo.

curso Filme Noir

Divulgação pessoal: No dia 3 de setembro começou a mostra sobre o Cinema Noir, no Instituto Moreira Salles, no Rio de Janeiro. No dia 9, quinta-feira, será a primeira de uma série de quatro palestras - um mini-curso, na verdade - sobre o gênero que ministrarei durante o evento.
Vejam aqui o folder da programação, com um texto que escrevi especialmente para a mostra.

O Instituto Moreira Salles e o Cinema do Centro Cultural do Rio de Janeiro promovem, de 9 a 21 de setembro, um curso sobre o cinema noir. São quatro aulas ministradas por Rafael de Luna Freire: Precursores do noir, O filme noir por excelência, Desdobramentos do noir, A herança do filme noir são os temas a serem desenvolvidos nos encontros. O curso custa R$ 70,00 (inteira) e R$ 35,00 (meia). As inscrições devem ser feitas no IMS-RJ (rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea, tel.: 21 3284-7400), de terça a domingo, das 13h às 19h.