Esperamos que a idéia vingue não só em São Paulo, mas em várias outras cidades do país.
HOME MOVIE DAY
A Cinemateca Brasileira celebra pela primeira vez, no dia 16 de outubro, o HOME MOVIE DAY. Iniciativa criada por arquivistas audiovisuais preocupados com a preservação e a difusão de filmes amadores produzidos nas bitolas 9.5mm, 8mm, Super-8 e 16mm, o HOME MOVIE DAY nasceu em 2003 e, atualmente, é celebrado em diversas cidades e cinematecas do mundo.
Registros familiares, filmes de viagem, documentários e produções experimentais e narrativas ficcionais rodadas por equipes não-profissionais, esses materiais tornaram-se praticamente invisíveis. Levando em conta a importância da produção amadora enquanto expressão artística e documento histórico, o HOME MOVIE DAY faz parte de um esforço internacional para a conservação e exibição desse valioso acervo. Para festejar a data, a Cinemateca Brasileira reúne em dois programas uma seleção de raridades de seu acervo e curtas realizados pela produtora Mistifilmes, criada em 1975. Além disso, reserva também um espaço na grade de programação do dia para a projeção de filmes trazidos pelo próprio público.
O primeiro programa inclui curtas rodados nas décadas de 1930 e 1950 pelo fotógrafo Sioma Breitman, na cidade de Santa Maria (RS). Nascido na Ucrânia em 1903, Breitman abandonou sua terra natal para fugir da Revolução Russa. Chegou a Porto Alegre em meados dos anos 1920, onde abriu um estúdio e fotografou inúmeras personalidades da política e das artes da época – entre elas, o presidente Getúlio Vargas e o compositor Heitor Villa-Lobos. Tomado pela “febre do 16mm”, registrou cenas de sua vida familiar e eventos militares e eclesiásticos.
Também serão exibidas cinco produções do Foto-cine Clube Gaúcho, fundado em Porto Alegre em 1951, por um grupo de fotógrafos amadores. Além do curta policial O Caso da joalheria, de João Carlos Caldasso, o programa apresenta as animações Guerra e paz, de Nelson França Furtado, Dentista Bossa-Nova, de Moacyr Flores, e a comédia O Padre nu, também de Caldasso, baseada no conto O Homem nu, de Fernando Sabino. Fecha o programa um dos filmes domésticos feitos pelo médico Fernando Machado Moreira nos anos 1950. Originalmente depositados na Cinemateca Capitólio, em Porto Alegre, os materiais serão exibidos em cópias restauradas pela Cinemateca Brasileira, fruto de projeto patrocinado pela Petrobras.
O segundo programa é composto por seis produções da Mistifilmes, empresa liderada pelo cineasta amador Gercio Tanjoni e que realiza filmes de maneira independente, sem fins lucrativos. Em atividade desde a década de 1970, dedica-se à luta pelos valores ecológicos, em diálogo com a cultura hippie. Dentre os filmes programados, destacam-se Caminhos, seu primeiro super-8, e os documentários Folclore de Engenheiro Goulart e Jardim Nazaré, ambos dirigidos por Tanjoni, e que reúnem imagens raríssimas de bairros da cidade de São Paulo na década de 1980, locais ainda não afetados pelo progresso desordenado.
2 comentários:
Rafael,
Nós tentamos pensar em uma tradução mas esbarramos em várias dificuldades "conceituais". O cinema amador dos foto-cine clubes pode ser chamado de caseiro? Os filmes de viagem são filmes domésticos? E os filmes de casamento feitos por profissionais contratados? Filme caseiro é sinônimo de filme mal feito? Filme doméstico engloba o vídeo? O motivo de não traduzir foi esse, uma dificuldade conceitual mesmo.
Um abraço,
Lila
Oi, Lila,
Não quis parecer implicante perguntando porque não traduziram "Home movie day". Entendo as dificuldades conceituais, mas todas elas permanecem mantendo o termo em inglês por mais que estejamos acostumados com ele. Eu gosto do "caseiro" pela analogia à comida caseira, com gosto de "feito em casa" (ainda que possa ser vendida), mesmo sem a possível sofisticação da comida de restaurante (ou do artificalismo e mesmice dela, se pensarmos em fast food, por exemplo). De qualquer modo, o que importa é a excelente iniciativa de vocês.
Um abraço,
Rafael
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